23/04/2007

Budismo

Fundado na Índia por volta do ano 560 a.C. (século VI) inspirado nos ensinamentos de Siddhartha Gautama, a quem chamaram em sânscrito de o Buda (que significa aquele que sabe ou aquele que despertou), o Budismo apresenta-se como a busca da iluminação sem Deus, “(…) não desperdiceis o vosso tempo prestando homenagem ao meu cadáver”, disse-o Siddhartha. Siddhartha nasceu num jardim de arvores-sal chamado Bosque Lumbini numa noite de lua cheia em Maio do ano 623 a.C..
Misto de filosofia e religião, o Budismo é antes de mais, um caminho para a paz espiritual, uma escolha que relega o plano material para uma posição secundária. Aberto a todos os grupos sociais, etnias, culturas e nacionalidades desenvolveu-se por todo o Extremo Oriente.
Siddhartha Gautama, convencido de que a vida é cheia de sofrimentos e sacrifícios, resolveu procurar a iluminação religiosa. De ascendência real, percorreu o Nordeste da Índia durante seis anos. A sua pregação baseava-se na crença de que a existência é um ciclo contínuo de morte e renascimento. Assim, a posição e o bem-estar na vida decorrem da conduta nas vidas anteriores. Um elo liga a vida presente à vida passada. O desligamento dos bens materiais, a paz e a plenitude levam a um estado de ausência total de sofrimento a que Buda chamou d e Nirvana. Para o atingir, é necessário seguir a Doutrina das quatro nobres verdades e da Senta Óctupla. As quatro nobres verdades são a contestação de que o sofrimento é factor inerente a toda a forma de existência; que a origem do sofrimento é a ignorância; que se pode dominar o sofrimento por meio da extinção da ignorância; e que o caminho que leva ao domínio de sofrimento, caminho médio entre a automortificação e o abandono dos prazeres, consiste na Senta Óctupla.
A Primeira das quatro verdades a respeito do sofrimento diz: “esta é a nobre verdade a respeito do sofrimento. O nascimento é acompanhado de dor, a decadência é dolorosa, a doença é dolorosa, a morte é dolorosa. A união com o que é desagradável é dolorosa, e doloroso é separar-se do que é agradável; e todo anseio não satisfeito, isto também é doloroso”; a segunda nobre verdade a respeito da origem do sofrimento diz: “na verdade, é esse desejo ardente, que causa a renovação da existência acompanhada de deleite sensual, buscando satisfação ora aqui, ora ali, isto é ânsia de gratificação das paixões, ou a ânsia de viver, ou a ânsia de sucesso.” A terceira nobre verdade a respeito da eliminação do sofrimento diz: “na verdade, é a eliminação, sem deixar sobrar paixão alguma, justamente desse desejo ardente; deixá-lo de lado, livrar-se dele, não alimentar tal desejo ardente”. A quarta e última verdade, sobre a senda que leva à eliminação da tristeza diz: “na verdade, esta nobre Senta Óctupla, isto é, conceitos correctos, aspirações correctas, linguagem correcta, conduta correcta, vida correcta, contemplação correcta”. A Senta Óctupla abrange, num sentido correcto, a compreensão, o pensamento, palavra, a acção, o modo de vida, o esforço, a atenção e a concentração.
Desde a sua origem, o Budismo imbuiu-se de elementos éticos, filosóficos e religiosos. Para se compreender a extensão deste sistema é necessário que se conheça a literatura canónica do Budismo, que se divide em três colecções: o cânone Páli, cânone sino-japonês e o cânone tibetano.
Pode sintetizar-se os fundamentos da doutrina do Budismo original na fórmula do Tríplice Refúgio que se encontra nas camadas mais antigas do cânone e ocupam um lugar de destaque em todas as liturgias budistas. Recitando esta fórmula – procuro refúgio no Buda. Procuro refúgio no dharma. Procuro refúgio no samgha – a pessoa ingressa na comunhão dos discípulos de Buda. Teoricamente, o refúgio junto ao dharma devia ser primordial. Desta forma, Buda lembrou “Procurem o dharma como o vosso refúgio e não procurem nenhum outro socorro.”
O Budismo ensina o caminho à bondade e à sabedoria perfeitas sem um Deus pessoal. Esta é a sua grande mensagem.
Susana Lopes

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